Friday, September 23, 2005

Abril Sempre! O povo é quem mais ordena!



Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade.

José Afonso.

Thursday, September 22, 2005

Perdi-te!


Perdi-te!
Aos poucos a distância tomou conta de nós.
Aos poucos o coração foi arrefecendo.
Aos poucos a alma foi ficando vazia.
Morreste-me!
O teu lado em mim tornou-se inexistente.
O frio pereceu entre nós.
O nada…
Os sentimentos diluíram-se na água. Lágrimas perdidas.
O teu olhar já não me pertence. Nunca pertenceu.
O teu sorriso desvaneceu-se em mim.
Perdi-te!
Perdi o corpo jamais tocado.
Perdi o beijo jamais trocado.
Perdi o abraço reconfortante.
Morreste-me!
Nascendo num novo lugar.
Nascendo para um novo ser.
Que aos poucos me roubou o teu olhar, o teu sorriso, o teu abraço, o teu beijo… Que aos poucos te conquistou.
Dando-me o poder da desilusão, a angústia da dor, a mesma solidão.
Perdi-te sem te ganhar.
Perdi-te sem te conhecer. Sem sentir o calor do teu corpo.
Perdi-te sem conhecer o teu desejo ou o meu.
Qualquer pedaço teu…
Morreste-me!
Morreste-me aos poucos, em noites passadas em claro.
Morreste-me por entre os acordes das nossas músicas, das minhas músicas.
Morreste-me sem entenderes um olhar, um sorriso, uma mera palavra.
Nem paraste para ver…abrir os olhos e perceber.
Sem nunca teres visto o que realmente existe em mim.
Sem pensares…
Ficou o sonho, a ilusão, a utopia para trás.
Ficou o vazio entre nós.
A realidade nunca assumida…conhecida.
A ausência do tudo que não existiu.
A ausência do nada que persistiu.
Perdeste-me!
Morri-te!

Saturday, September 17, 2005

Será?


Será que ainda me resta tempo contigo,
ou já te levam balas de um qualquer inimigo.
Será que soube dar-te tudo o que querias,
ou deixei-me morrer lento, no lento morrer dos dias.
Será que fiz tudo que podia fazer,
ou fui mais um cobarde, não quis ver sofrer.
Será que lá longe ainda o céu é azul,
ou já o negro cinzento confunde Norte com Sul.
Será que a tua pele ainda é macia,
ou é a mão que me treme, sem ardor nem magia.
Será que ainda te posso valer,
ou já a noite descobre a dor que encobre o prazer.
Será que é de febre este fogo,
este grito cruel que da lebre faz lobo.
Será que amanhã ainda existe para ti,
ou ao ver-te nos olhos te beijei e morri.
Será que lá fora os carros passam ainda,
ou as estrelas caíram e qualquer sorte é bem-vinda.
Será que a cidade ainda está como dantes
ou cantam fantasmas e bailam gigantes.
Será que o sol se põe do lado do mar,
ou a luz que me agarra é sombra de luar.
Será que as casas cantam e as pedras do chão,
ou calou-se a montanha, rendeu-se o vulcão.

Será que sabes que hoje é Domingo,
ou os dias não passam, são anjos caindo.
Será que me consegues ouvir
ou é tempo que pedes quando tentas sorrir.
Será que sabes que te trago na voz,
que o teu mundo é o meu mundo e foi feito por nós.
Será que te lembras da cor do olhar
quando juntos a noite não quer acabar.
Será que sentes esta mão que te agarra
que te prende com a força do mar contra a barra.
Será que consegues ouvir-me dizer
que te amo tanto quanto noutro dia qualquer.

Eu sei que tu estarás sempre por mim
Não há noite sem dia, nem dia sem fim.
Eu sei que me queres, e me amas também
me desejas agora como nunca ninguém.
Não partas então, não me deixes sozinho
Vou beijar o teu chão e chorar o caminho.
Será!

(Pedro Abrunhosa)

Friday, September 09, 2005


Olhas o horizonte.
Um novo caminho aguarda-te.
Tens quartos de fogo para ultrapassar. Paredes de vidro inquebrável.
O frio...o vazio.
Absolutamente tudo e ao mesmo tempo, absolutamente nada. O poder do vazio frio...o nada.
Mas a tua utopia é bem mais forte. Conhecer esse novo mundo, ao qual chegarás após percorreres esse novo caminho.
Esse que te aguarda impávido e sereno.
Ultrapassas barreiras, enfrentas os desafios, insistes, ganhas a coragem, lutas mais um pouco, chegas mais à frente.
Mas continuas sem chegar ao teu caminho...a esse que te aguarda.
Vagueias por entre o poder do vazio frio...o nada.
Dás contigo na beira de nenhuma estrada. Dada como louca por acreditares nos sonhos, por teres ilusões, por quereres descobrir esse novo caminho, esse novo dia...utopia.
Adormecida no meio dessa estrada vozes pedem-te para acordares pois a poeira irá sujar os teus sonhos, naqueles em que acreditas. Mas outras nem em ti acreditam, pois tu sentes que não és desta vida.
Riem-se de ti por acreditares na luta. Por acreditares de olhos fechados na lua e nas estrelas. Por conseguires olhar de frente o horizonte, o novo mundo. Por teres a coragem de vaguear por entre absolutamente tudo e ao mesmo tempo absolutamente nada, entre o vazio frio...o nada. Por teres a coragem de não pensar se continua a haver estrada ou não, sabendo apenas que não podes parar na berma. Por desejares o que não tiveste e por te agarrares ao que não tens.
O caminho pode ser longo, tortuoso. Com enredos, desafios, jogos, quedas, lágrimas perdidas na escuridão e solidão até, mas tu acreditas que tens a força para continuar.
O azar esconde-se por entre os vultos que se vislumbram pelas luzes. Os passos podem ser errados, mas aproximam-te do caminho ambicionado.
Mas quem sabe um dia não vérás a luz plena desse novo caminho? Não conhecerás um novo mundo? Não tornarás real mais uma utopia...num outro dia?...Pois...
Hoje pode ser apenas o primeiro dia do resto da tua vida!

Wednesday, September 07, 2005

Hasta La Victoria Siempre!



Um único Espírito.
Uma única Voz.
Uma luta travada na qual muros foram derrubados e novas forças erguidas por um único sentimento...A liberdade.
Acreditar que ela um dia será possível é a nossa maior Utopia!
E depois de uma festa como esta, passamos a vê-la com cores diferentes.
Com a cor da justiça e do passível de ser.
Basta um amanhã diferente e não esmorecer.
E tudo é tão fácil quando nos rodeamos de gentes com o mesmo pensamento, com o mesmo objectivo...a luta e a liberdade até ao fim.
E porque esta festa nos deixa aquele brilhozinho nos olhos diferente...
E porque lá estamos na nossa terra dos sonhos...onde podemos ser quem somos, onde toda a gente trata a gente toda por igual, onde não há pó nas entrelinhas...
E porque acreditamos que a união um dia será possivel...aquela por um dia melhor.
Sem dor, sem mágoa, sem ressentimentos, sem preconceitos.
E porque este sentimento nos aumenta o espírito e não nos faz desvanecer.
E porque voltámos de forças carregadas para o nosso Outro Dia Utopia!

"Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!
Ergue da noite, clandestino,

À luz do dia a felicidade,
Que o novo sol vai nascendo
Em nossas vozes vai crescendo
Um novo hino à liberdade"

(Avante Camarada)

Che Guevara: "Esa hora irá creciendo cada día que pase, esa hora ya no parará más."

Monday, September 05, 2005

Avante Camarada Avante!!!...


... Junta a tua à nossa voz!!!





Pois é pessoal, a gente teve lá!
Acabadinhas de chegar do Avante, cheias de boas recordações e a desejar que para o ano seja ainda melhor!!!
Este post é só pra dizer que é bonito de se ver tamanha união entre os jovens e que não há ( de facto! ) festa como esta!!
Talvez em futuros posts, nós, que de momento estamos sabe Deus como: roucas, pretas, sujas, cheias de bolhas nos pés e nódoas negras, com o corpo a pedir banho e cama, possamos dizer-vos o quanto é bom dançar a " Carvalhesa" como se fosse a última e melhor música do mundo.
Andar atrás das gaitas de foles como se não houvesse amanhã =)


Outro aviso é que a outra colaboradora do blog está sem net, sem computador e que, portanto, é possível que não venha fazer posts por uns tempos.

Ps- Nana, foi lindo! Pr'ó ano há mais!! Obrigada por tudo.

Thursday, September 01, 2005

Deixa-me entrar em ti...




Deixa-me rir
essa história não é tua
falas da festa, do sol e do prazer
mas nunca aceitaste o convite
tens medo de te dar
e não é teu o que queres vender


Deixa-me rir
tu nunca lambeste uma lágrima
desconheces os cambiantes do seu sabor
nunca seguiste a sua pista do regaço à nascente
não me venhas falar de amor


Pois é, pois é
há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor,
o que vai dizer Segunda Feira

Deixa-me rir
Tu nunca auscultaste esse engenho
de que falas com tanto apreço
esse curioso alambique
onde são destilados
noite e dia o choro e o riso


Deixa-me rir
Ou então deixa-me entrar em ti
ser o teu mestre só por um instante
iluminar o teu refúgio
aquecer-te essas mãos
rasgar-te a mascara sufocante


Pois é, pois é
ha quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor,
o que vai dizer Segunda Feira.


Jorge Palma